Amigos Imaginários: como a amizade imaginária na vida adulta pode nos reconectar com quem somos

Amigos Imaginários: como a amizade imaginária na vida adulta pode nos reconectar com quem somos

Por que eu assisti?

Não foi por um motivo nobre: só queria passar umas duas horas vendo gente bonita — nesse caso, Ryan Reynolds. Mas confesso que o filme Amigos Imaginários me surpreendeu. Tantas camadas de encantamento, sensibilidade e poesia que, no fim das contas, a beleza dele nem me abalou (embora ele estivesse entregando tudo, como de costume).

Enredo com spoiler: reencontros que curam

A história gira em torno de Bea, uma menina que perde a mãe ainda criança. Anos depois, aos 12 anos, ela volta a Nova Iorque com o pai, que está prestes a passar por uma cirurgia delicada. Bea se hospeda com a avó e, no prédio onde mora, encontra Cal (Ryan Reynolds), uma bailarina inseto chamada Blossom, e Blue — uma pelúcia gigante e desengonçada. Todos eles são amigos imaginários esquecidos.

Ao conhecê-los, Bea descobre a missão: reconectar esses seres extraordinários às crianças que um dia os imaginaram.

A busca pelos vínculos perdidos

Bea decide ajudar. Com muita dedicação, tenta combinar perfis emocionais dos amiguinhos com novas crianças. Mas tudo dá errado. Nenhuma reconexão acontece. Frustrada, Bea retorna para casa e encontra sua avó, que revela ter sonhado em ser bailarina.

E então tudo faz sentido: Blossom, a boneca bailarina, era sua amiga imaginária. A avó dança ao som de uma música clássica e, nesse gesto sensível e sincero, a luz da boneca se acende. Elas se reconectam — e ali foi onde meu choro começou de verdade.

Um abraço na insegurança

Outro momento que me emocionou: a reconexão de Blue com seu “dono”. Um homem adulto, inseguro, meio desajeitado — um espelho exato de Blue. Ele está nervoso para uma reunião importante, e Blue aparece para dizer o que todos gostaríamos de ouvir nessas horas: “vai dar tudo certo”.

É isso que a amizade imaginária na vida adulta representa: um suporte emocional legítimo, uma extensão da nossa fragilidade mais humana.

E a Bea? E o pai dela?

Cal, todos os amigos imaginários e Bea vão ao hospital acompanhar o pai. Quando ele acorda, ela se alivia — mas percebe que os amigos já não estão mais ali. Só então entende: Cal era seu próprio amigo imaginário.

A cena final, com ele voltando vestido de palhaço e entregando uma flor feita de balões, é de arrebentar qualquer estrutura emocional.

Reflexão: nossa criança interior nunca nos abandona

Fiquei ali, catatônica, vendo os créditos subirem, até conseguir escrever isso.

A mensagem do filme é simples, mas profunda: nosso corpo cresce, assumimos boletos, filhos, trabalho. Mas a criança continua ali. Esquecê-la nos endurece. Ignorá-la nos desconecta.

A amizade imaginária na vida adulta pode parecer tola à primeira vista. Mas, na verdade, é a voz mais autêntica da nossa essência. Aquela que sabe exatamente do que temos medo, o que amamos e o que perdemos.

Dar ouvidos a essa voz pode ser o primeiro passo para voltar a viver com verdade, e não apenas sobreviver.

Onde assistir Amigos Imaginários: