“Série Parenthood: por que essa obra leve pode transformar seu olhar sobre família”

Logotipo da série Parenthood com fundo preto e a palavra "Parenthood" escrita em branco, com a primeira parte da palavra em negrito ("Parent") e a segunda em fonte mais fina ("hood").

Parenthood: leveza que pesa (no bom sentido)

Comecei a assistir a série Parenthood em busca de algo leve, só pra descansar a cabeça mesmo. Uma série com cara de abraço, sabe? Pois bem, me enganei — e ainda bem! A série tem seis temporadas e acompanha o dia a dia de uma família ao longo dos anos. Aos poucos, fui conhecendo os personagens e entendendo os laços que os unem. Foi aí que percebi: não era só leveza. Era profundidade disfarçada de cotidiano.

Parenthood é sobre vínculos, desafios pessoais, crescimento (e suas recaídas) e a eterna arte de amadurecer — mesmo quando a gente acha que já terminou essa fase.

Vamos aos personagens?

A família Braverman é grande. Temos Camille e Zeek, o casal de avós, e seus quatro filhos: Adam, Sarah, Crosby e Julia — todos com suas próprias famílias e bagagens. Mas, pra não virar uma tese, vou focar nos que mais me tocaram: Adam, Sarah e Amber.

Adam: o irmão mais velho (e um pouco controlador)

Adam é o primogênito. Casado com Kristina, pai de dois filhos — sendo um menino com diagnóstico de autismo. É aquele tipo de cara que segura tudo: o filho, a esposa, os irmãos, os pais. Tem sempre um plano, uma piada boba, uma dança ridícula na manga. E vinho, claro. Mas esse “cara perfeito” também tem seus tropeços: é conservador, evita riscos, não sabe colocar limites, e quer resolver tudo por todo mundo. Resultado? Se enrola. Mas o mais bonito é justamente isso: ele é real. E por isso a gente torce, ri, se irrita e, claro, se apaixona por ele.

Sarah: tropeços, coragem e amor

Sarah tem uns 40 anos, tá desempregada e volta a morar com os pais depois de se separar do marido alcoólatra. Leva os filhos adolescentes com ela e, de brinde, toda a dor e vergonha que vêm junto. Ao contrário do irmão Adam, Sarah ainda está aprendendo a viver. É impulsiva, carente, tem dificuldade em ficar sozinha. Mas cresce. E como cresce! O que mais me emocionou foi ver a evolução da relação entre ela e a filha. Começa truncada, cheia de atrito, mas vai se transformando num vínculo lindo, forte e cheio de verdade.

Amber: confusão boa

Amber é a filha da Sarah. Adolescente clássica: se sente inadequada, vive fazendo besteira, parece perdida. Mas tem algo nela… uma força silenciosa. Aos poucos, a rebeldia vai dando lugar à coragem. Ela escolhe seu caminho, encara críticas, dá colo pra mãe e conselhos pro irmão. Passa por muita coisa pesada — drogas, relacionamentos abusivos, gravidez não planejada — e enfrenta tudo com o que tem: inteligência, garra e afeto. E, claro, com a ajuda da mãe. Ver essa transformação é de arrepiar.

Entre tapas e abraços

Parenthood me fez pensar (e sentir) muito sobre família. Famílias são bagunçadas. Têm afeto e invasão, apoio e julgamento. Avós que aconselham — e também se metem. Irmãos que acolhem — e também atravessam sem pedir licença. Mas é assim: tudo misturado. O bonito é que, mesmo com as falhas, a série mostra que dá pra continuar ao lado de quem amamos, desde que haja respeito, escuta e amor de verdade.

Porque amar, no fim das contas, é isso: seguir junto, mesmo quando a caminhada não é perfeita. E talvez por isso Parenthood seja tão leve e tão pesada ao mesmo tempo. Porque ela lembra, sem forçar, que o que importa mesmo são as relações — e o tanto que a gente se transforma por causa delas.

Onde assistir:

Por que a série Coisa Mais Linda ainda nos faz refletir sobre o que é ser mulher hoje?

série coisa mais linda
Série Coisa Mais Linda

Por que a série Coisa Mais Linda ainda nos faz refletir sobre o que é ser mulher hoje? Esse é o título da série brasileira da Netflix que nos apresenta a história de mulheres reais, com suas dores, batalhas e superações diárias. Lá vem um texto feminista? Talvez. Mas antes de qualquer rótulo, prefiro dizer: não me coloco em nenhuma caixinha.

O que posso afirmar é que muitas das situações retratadas na série me causaram um desconforto real — apesar de estarmos em um mundo bastante diferente daquele Brasil dos anos 1960.

O que mudou — e o que permanece

Algumas questões abordadas na série são, felizmente, coisas do passado. A mulher, hoje, tem capacidade civil plena para ser proprietária de uma empresa, por exemplo. Mas outras questões continuam assustadoramente atuais.

Não me refiro às grandes batalhas vencidas, mas às sutilezas. Aquelas pequenas atitudes, aparentemente inofensivas, que carregam séculos de desigualdade embutida. Coisas com as quais — tenho certeza — muitas mulheres ainda se identificam.

As sutilezas que ainda doem

O marido que, ao chegar em casa, pede à esposa que sirva um whisky enquanto ele relaxa tirando os sapatos. Qual o problema nisso? Nenhum — desde que ela não veja isso como uma obrigação, mas como uma escolha.

A madrasta que não pode falhar de forma alguma em suas responsabilidades com uma criança que não é sua, sob pena de ser rotulada como “a mulher que maltrata o filho do marido”. Detalhe: esse filho tem pai, e isso precisa ser lembrado.

A mulher que se culpa por se envolver com dois homens ao mesmo tempo, preocupada com o julgamento alheio. Será que os homens têm essa mesma preocupação? Pois é.

Reflexos da vida real 

Essas e outras nuances me fizeram reviver situações que eu mesma vivi — ou que mulheres próximas a mim já enfrentaram. Situações pequenas, mas cheias de peso. E isso me fez refletir: como é importante mantermos nossa mente firme em nossas convicções, mesmo quando o senso comum tenta nos empurrar para o outro lado.

Porque o senso comum muda. O que era “escandaloso” ontem pode ser banal amanhã. Já nosso valor e nossa dignidade permanecem com a gente, inabaláveis, desde que tenhamos consciência delas.

O que é, afinal, a coisa mais linda?

Podemos ser lindas, independentes, boas mães ou madrastas, e companheiras incríveis para nossos parceiros — sem abrir mão da nossa essência.

Viver assim, com autenticidade, coragem e liberdade, é uma verdadeira conquista.

Isso sim é a coisa mais linda.

Onde assistir:

Netflix